Segunda parte da noite

Beijos trocados na frivolidade do desejo, roupas pelo chãode pés ao ar, ardendo de tesãoo silêncio abafado dos suspiros da noiteA vizinhança dorme, cienteinociente das nossas dançaspela rua fora, milhões de pétalasmilhões de luas e estrelas,bêbadas, jorrando o licor que se esvai entre o teu púbis Os nossos dedos mansos, magoados no silêncio das tuas coxaslibertinos beijam-te o ventrena timidez dos gemidose amatizam-se com os teus suspirosentre lençóis brancos de algodão e linhotu e eu... na mesma músicaum dança por cima, o outro por baixoa saliva nos inventa pornograficamentepeitos em êxtase, a derivacomo uma colecção de invernos no leito da madrugada, no orvalho da noiteos teus pêlos aguçados no calor dos teus seiosinvocam orgasmos, só eu sei, o absurdo que nos cegaquando a noite se abrequando a luz cessa, brilha e queima a lira do poema que censura entre os porosda tua caducada pele.

Jeconias Mocumbi

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