Apenas criança

Apenas criança

Inda criança, a cor do pavor desfolho
e em embrulho guardo o último vento
que fez quedar as asas da vida, 
que despiu-me a folha verde, arrancou de mim a sorte,
o desvairo do sonho, o calor duma fogueira,
O sufoco dum abraço e fiquei só
com a cor cega do orvalho da tarde
sem família, sem quem reclamar um colo
Minha mãe foi seduzida pela nudez d's ruas
não me lembro quando dela senti falta
porém, o vazio ficou sólido e endurecido
na medida em que eu acordava pela manhã
e libertava o meu choro libertino ao mundo,
gritei, supliquei e clamava dolorosamente
no rancor do sangue das minhas magoas
ninguém ouvia, ninguém sentia, gemia de medo
o frio me embalava, o silêncio me fazia companhia
e a consciência me condenava: - cresça
que um dia o diâmetro da dor será reduzido a raio.

Jeconias Mocumbi

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